sexta-feira, 30 de novembro de 2012


    1. Pedagogia dos Multiletramentos – Diversidade cultural e de linguagens na escola – Roxane Rojo

    ROJO, Roxane; ALMEIDA, Eduardo de Moura. Multiletramentos na Escola. São Paulo: Parábola Editora, 2012.



Multiletramentos na escola (ROJO; ALMEIDA, 2012) foi o livro proposto para a nossa leitura e discussão nas aulas da disciplina ¨Novos Letramentos e Educação Superior¨ ministrada pelo Prof. Luiz Fernando Gomes.

Nesta postagem, faço menção a alguns tópicos do capítulo 1, que ao meu ver merecem destaque e reflexão. Na postagem anterior destaquei os tópicos e as reflexões da apresentação do livro.


    1. Pedagogia dos Multiletramentos – Diversidade cultural e de linguagens na escola – Roxane Rojo
  • Porque propor uma pedagogia dos multiletramentos?
  • A necessidade de uma pedagogia dos multiletramentos foi, em 1996 afirmada pela primeira vez em um manifesto resultante de um colóquio do Grupo de Nova Londres (GNL), em uma reunião de pesquisadores dos letramentos.
  • Nesse manifesto, o grupo afirmava a necessidade de a escola tomar a seu cargo (dai a proposta de uma ¨pedagogia¨) os novos letramentos emergentes na sociedade contemporânea, em grande parte – mas não somente – devidos às novas Tecnologias da Informação e de Comunicação (TICS), e de levar em conta e incluir nos currículos a grande variedade de culturas já presente nas salas de aula e de um mundo globalizado e caracterizada pela intolerância na convivência com a diversidade cultural, com a alteridade (p.12).
  • Necessidade de incluir nos currículos escolares as questões que envolvem as variedades culturais, contribuindo assim, para a diminuição da violência social e para a expectativa de um futuro melhor para a juventude.
  • Multiletramentos – abrange a multiculturalidade e a multimodalidade.
  • Multiculturalidade – a multiplicidade/variedade cultural das populações presente em nossas sociedades, principalmente urbanas, na contemporaneidade.
  • Multimodalidade – a multiplicidade/variedade semiótica de constituição dos textos por meio dos quais a multiculturalidade se comunica e informa. (Semiótica – ciência geral dos signos, dos sistemas de significação).
  • Segundo Garcia Canclini (2008[1989]: 302-309), no que se refere à multiplicidade de culturas, o que hoje vemos à nossa volta são produções culturais letradas em efetiva circulação social, como um conjunto de textos híbridos de diferentes letramentos (vernaculares e dominantes), de diferentes campos (ditos ¨popular/de massa/erudito¨), desde sempre, híbridos, caracterizados por um processo de escolha pessoal e política e de hibridação de produções de diferentes ¨coleções¨.
  • Segundo a autora, ¨essa visão desessencializada de cultura(s) já não permite escrevê-la com maiúscula – A Cultura – , pois não supõe simplesmente a divisão entre culto/inculto ou civilização/barbárie, tão cara à escola da modernidade¨ (p. 13).
  • Roxane Rojo menciona que vivemos, pelo menos desde o início do século XX em sociedades de híbridos impuros, fronteiriços. No texto, a autora, exemplifica esse fato com um episódio, da década de 1920, para questionar valores e apreciações.
  • Para Garcia Canclini (2008[1989]), os pares antitéticos (opostos) – cultura erudita/popular, central/marginal, canônica/de massa – já não se sustentam mais faz muito tempo.
  • Segundo Garcia Canclini, os híbridos, as mestiçagens, as misturas são cada vez mais soberanas – vejam os remixes e mashups no espaço digital. A produção cultural atual se caracteriza por um processo de desterritorialização, de descoleção e de hibridação que permite que cada pessoa possa fazer ¨sua própria coleção¨, sobretudo a partir das novas tecnologias.
  • ¨Essa apropriação múltipla de patrimônios culturais abre possibilidades originais de experimentação e de comunicação, com usos democratizadores¨ Garcia Canclini (2008[1989]). Nessa perspectiva observa-se a introdução de novos e outros gêneros de discurso – ditos por Canclini ¨impuros¨ –, de outras e novas mídias, tecnologias, línguas, variedades, linguagens. Para tanto exige-se uma nova ética e novas estéticas.
  • Letramento crítico – posicionamento.
  • Novas estéticas – manifestam com critérios próprios. Podemos exemplificar através de critérios diversos como, de ¨gosto¨, de apreciação, de valor estético.
  • Roxane Rojo exemplifica as novas estéticas ao mencionar uma atividade desenvolvida com seus alunos de primeiro ano de Letras; utilizou a imagem de um anime para discutir sobre os novos textos envolvidos nos multiletramentos e seus critérios estéticos.
  • Anime – é um termo que define os desenhos animados de origem japonesa e também os elementos relacionados a esses desenhos. O anime é tradicionalmente desenhado a mão. Porém, com o desenvolvimento dos recursos tecnológicos de animação, principalmente a partir da década de 1990, muitos animes passaram a ser produzidos em computadores. Outra importante característica dos animes atuais é a ocorrência de elementos tecnológicos nos enredos das histórias.
  • A autora destaca que observa os seus alunos como produtores, na realização da atividade desenvolvida. Como produtores, eles tinham critérios estéticos referentes ao processo de produção. Os alunos, como produtores, tinham critérios (estéticos) muito específicos para avaliar o produto e que exigiam o domínio de uma série de multiletramentos: qual era o ritmo e a referenciação da letra da canção-guia do anime; como cortar do vídeo-fonte imagens adequadas a esse ritmo e a essa referenciação; como tratá-las em Photoshop de maneira adequada e que permitisse novos efeitos de sentido; como reconstruir a trama ou a referenciação (no ritmo) de maneira adequada na montagem do novo vídeo ou anime. Enfim, uma série de (multi)letramentos responsáveis pelo efeito de sentido do anime.
  • ¨As imagens e o arranjo de diagramação impregnam e fazem significar os textos contemporâneos – quase tanto ou mais que os escritos ou a letra¨ (p.19).
  • Diagramação – ocupação do espaço da página (pelo texto, ilustração, etc, de livro, jornal, etc.).
  • Imagens estáticas – fotos, ilustrações, tratamento da imagem (Photoshop).
  • Semiose verbal em áudio – as falas do narrador, do âncora, do entrevistador e dos entrevistados.
  • Imagens em vídeo – imagem em movimento filmadas ou digitalizadas.
  • Para Lemke (1994a; 1998), ¨O texto pode ou não formar a espinha organizadora de um trabalho multimidiático. O que realmente precisamos ensinar, e compreender antes de poder ensinar, é como vários letramentos e tradições culturais combinam essas modalidades semióticas diferentes para construir significados que são mais do que a soma do que cada parte poderia significar separadamente, Tenho chamado isto de ¨significado multiplicador¨. As opções de significados de cada mídia multiplicam-se entre si em uma explosão combinatória; em multimídia, as possibilidades de significação não são meramente aditivas. (p.20)
  • É importante notar que não é apenas o uso da hipermídia que as novas tecnologias tornam mais fácil, mas sua autoria. Segundo Lemke (1998), hoje qualquer um edita um áudio ou um vídeo em casa, produz animações de boa qualidade, constrói objetos e ambientes tridimensionais, combinados com textos e imagens paradas, adiciona música e voz e produz trabalhos muito além do que qualquer editora ou estúdio de cinema poderia fazer até alguns anos atrás.
  • Hipermídia – conjunto de textos, gráficos, sons, vídeos, etc., organizado segundo o modelo próprio do hipertexto.
  • Como funcionam então os multiletramentos? Em qualquer dos sentidos da palavra ¨multiletramentos¨ – no sentido de diversidade cultural de produção e circulação dos textos ou no sentido da diversidade de linguagens que os constituem –, os estudos são unânimes em apontar algumas características importantes: (a) eles são interativos; mais que isso, colaborativos; (b) eles fraturam e transgridem as relações de poder estabelecidas, em especial as relações de propriedade (das máquinas, das ferramentas, das ideias, dos textos [verbais ou não]); (c) eles são híbridos, fronteiriços, mestiços (de linguagens, modos, mídias e culturas).
  • Uma das principais características dos novos (hiper)textos e (multi)letramentos é que eles são interativos, em vários níveis (na interface, das ferramentas, nos espaços em rede dos hipertextos e das ferramentas, nas redes sociais, etc.).
  • A mídia digital é interativa, depende de nossas ações enquanto humanos usuários (e não receptores ou espectadores) – seu nível de agência é maior.
  • Na mídia digital, ¨nossas ações puderam, cada vez mais, permitir a interação também com outros humanos (em trocas eletrônicas de mensagens, síncronas e assíncronas; ; na postagem de nossas ideias e textos, com ou sem comentários de outros; no diálogo entre os textos em rede [hipertextos]; nas redes sociais; em programas colaborativos nas nuvens). É por isso que o computador não é uma mera máquina de escrever, embora muitos migrados, ainda o usem apenas como tal¨ (p.24).
  • As gerações anteriores à primeira geração que cresceu com essa nova tecnologia (digital), são chamados de ¨migrantes¨ ou ¨migrados¨.
  • ¨Evidentemente, a estrutura em rede e o formato/funcionamento hipertextual e hipermidiático facilitam as apropriações e remissões e funcionam (nos remixes, nos mashups), por meio da produção, cada vez mais intensa, de híbridos polifônicos. É claro: para permitir a colaboração, a interação e a apropriação dos ditos ¨bens imateriais¨da cultura, o ideal é que tudo funcione nas nuvens, pois nas nuvens, nada é de ninguém – tudo é nosso. Esta é a lógica do GoogleDocs, do Prezi, do You Tube, dentre outros¨ (p. 25).
  • ¨Computação ou colaboração em nuvem é üm conjunto visível de bits e bytes que se encontram em suspensão na atmosfera da web e que acessados, aparecem para nós como textos, imagens, vídeos, trabalhos colaborativos. O melhor da computação em nuvem é que embora dependa da ampliação, acesso e democratizaçãp das bandas de transmissão (mais ou menos o que aconteceu com o telefone, o rádio e a televisão, não foi?) ela passa a dispensar a propriedade, inclusive das máquinas, ferramentas e serviços. Posso acessar de qualquer lugar/dispositivo (meu ou não), sem ter de comprar os softwares ou mesmo de pagar provedor ¨(p. 26).
  • Se nossos alunos (as crianças até os jovens das faculdades) visivelmente lidam com muito mais fluência do que nós, migrados, com as novas tecnologias e ferramentas, por que incluir na escola algo que em muitos níveis as novas gerações já sabem? Porque uma ¨pedagogia dos multiletramentos¨? Para disciplinar seus usos?
  • ¨Precisamos pensar um pouco em como as novas tecnologias de informação podem transformar nossos hábitos institucionais de ensinar e aprender¨ (LEMKE, 2010 [1998]) - p.28
  • A autora menciona que em vez de impedir/disciplinar o uso dos internetês na interne (e fora dela), podemos investigar, e em vez de proibir o celular em sala de aula, usá-lo para a comunicação, a navegação, a pesquisa, a filmagem e a fotografia. (p.27)
  • Eu, como educadora, já utilizei o celular em uma das minhas atividades pedagógicas para a pesquisa e a fotografia/imagem – atividade matemática. Os alunos gostaram muito dessa atividade diferenciada, e os resultados foram positivos na maneira de ensinar e aprender.
  • Conforme Rojo, ¨vivemos em um mundo em que se espera (empregadores, professores, cidadãos, dirigentes) que as pessoas saibam guiar suas próprias aprendizagens na direção do possível, do necessário e do desejável, que tenham autonomia e saibam buscar como e o que aprender, que tenham flexibilidade e consigam colaborar com urbanidade¨ (p.27).
  • O Grupo de Nova Londres (GNL), apresentou em alguns movimentos ¨pedagógicos¨ algumas metas para que o ensino-aprendizagem pudesse ser levado a efeito: (1) prática situada; (2) instrução aberta; (3) enquadramento crítico; (4) prática transformada.



 

 

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Preciso fazer pesquisas sobre multiletramento e sua importância no mundo atual e nas diversas culturas e diversidades podem me ajudar?

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